-Can I have this dance?
Não sei se foi dela ou de mim que partiu o convite. Não lembro quem estendeu a mão primeiro. Apenas lembro de estarmos rodopiando pelo salão. Nossas mãos entrelaçadas e nossos olhares tão fixos eram a garantia de que aquela dança duraria um longo tempo. Não que fosse necessário. Nenhuma de nós desistiria do nosso objetivo, mesmo sabendo quem iria sair vencedora. Não era uma simples dança. Ela se agarrava a mim e eu a ela, porque nossos destinos dependiam disso. Eu me agarrava a ela com toda força e coragem que eu tinha. Eu precisava mantê-la onde meus olhos pudessem ver cada passo seu. Saber que ela venceria esse duelo não me faria desistir, mas lutar, dar o máximo de mim. Minha vontade era mostrá-la que ela não me amedronta, e que, mesmo com a certeza de sua vitória, eu manteria minha espada erguida. Até o final. O resultado, certo desde muito antes do início da nossa batalha, não é para mim o mais importante. Quando chegar a hora, deixarei que ela leve-o. Mas por enquanto não vou me deixar abater. Ela sabe disso quando olha em meus olhos. Talvez fique feliz por encontrar uma adversária à altura, mas seu olhar é tão duro e imparcial que não tenho certeza. É óbvio, vamos nos encontrar depois, em outro momento, e eu não lutarei. Mas agora desistir não é uma opção. Não admito opções. Por um mínimo instante vejo um brilho intenso nos olhos dela, e então a realidade surge em minha frente como se sempre tivesse estado ali. A morte nunca fora amada.

Comments
One Response to “ ”
  1. Anônimo says:

    Lindo esse texto!

Leave A Comment

Gostou ou quer dar opinião ? Comenta ;