Eu lhe escrevi umas palavras de amor em minhas coxas. Perdidas para sempre. Perdidas porque você nunca as leu, e a água do banho lavou. Não foram as primeiras, não serão as últimas. Já lhe escrevi canções e cartas em minhas coxas, todas perdidas para sempre. Eram para você. Eram para você ler e ninguém mais. Eram as minhas-suas palavras. Agora são apenas tinta de caneta no esgoto. Eram tatuagens de sentimento impressas na pele. Mas o sabonete quebrou as moléculas e agora... agora não passam de tinta de caneta, de lixo com o lixo no esgoto. Minhas palavras para você, lixo no esgoto. Meu vômito no esgoto.

Você está afetando minhas faculdades mentais, mas, foda-se, eu amo você. Eu quero que você e o mundo saibam. Quero que tudo se exploda, que o mundo se acabe e quero você aqui.  Eu tinha pensado umas palavras que queria que você nunca esquecesse, mas eu as esqueci. Então agora quem lhe fala não é minha mente, mas meu coração. Preste bastante atenção, viu? Eu estive com medo, com muito medo. Mas agora estou me libertando disso. Estou me libertando das velhas amarras. Veja bem, pouco me importa que você goste de sertanejo e eu ache isso uma praga das brabas na colheita. Ou que você ache a Taylor Swift uma sem sal e eu odeie a Paula Fernandes. Eu particularmente acho essas nossas divergências um amor. E a gente bem que concorda em um monte de coisas. Ei, pequeno, eu penso em outro não. Eu penso só em você, eu sonho só com você, eu quero só você. Você. Larga dessa de largar tudo quando topa num erro meu. Sou toda errada, e aí? Larga de achar que só você que sente, só você que sofre, só você que ama. Eu choro também quando a gente briga. Aliás, quando sinto que vai dar briga, já começo a chorar. Já sinto uma pontada no peito, e aí tudo vaza pelos olhos. Eu amo você, seu tolinho. Seu meu. Se tiver uma tsunami, eu aprendo a nadar pra salvar nós três (é, vamos levar o Gabriel também). Se o mundo pegar fogo, eu nos providencio um abrigo anti-chamas. Se tudo desabar, eu nos levo pro espaço. Eu salvo a gente, salvo sim. Eu quero a gente. Eu quero ser a sua ET verde no altar, quero ser a mãe dos seus 3 guris, quero viver e ficar enrugadinha com você. Porra, quero você. Quero você no meio da minha bagunça, no meio da minha família, no meio das minhas pernas. Quero respirar seu ar, beber seus fluidos, comer você. Eu quero fechar os olhos a noite e estar em seus braços; quero abrir os olhos de manhã e encontrar você ali, dormindo, sonhando. Ah, pequeno... eu amo você. Eu amo você.

Adeus você

Hoje comecei a apagar os últimos vestígios de que você esteve aqui. Já passa da hora de lhe tirar todo esse espaço. Já tem alguém tão lindo me oferecendo mais do que você me deu. Já passava das duas quando peguei meu celular e li uma última vez aqueles 307 sms. Não vai acreditar: nenhum deles me feriu! Suas palavras não estavam mais espinhosas, nem mais sedosas. Eram apenas palavras. Eram apenas você, que veio e se foi de uma forma que ainda não compreendo. Apaguei-os. Os 307 sms, todos de uma só vez. E não me doeu. Você já ficou tempo demais ocupando-me toda. Agora tenho espaço (bastante espaço!) para ele no meu celular. Agora tenho todo o espaço da minha mente para ele e guardo apenas lembranças insólitas de você. Em breve terei lhe relegado a apenas um espacinho em respeito ao amor sem fim e ao sofrimento sem fim. E quando isso acontecer, poderei enfim dar tudo que tinha guardado pra você. Ainda me resta muito amor para dar, muita vida para viver. Eu não quero mais saber de você. Hoje comecei a apagar os vestígios de sua passagem, há tanto pra viver e eu... Quem é mesmo você?

Então é assim que as coisas são. Simples. Num dia você está se perguntando que rumo dar à sua vida insólita e insignificante, morrendo por algum grande amor, e no outro, um arroubo lhe acomete o coração e lá está ele. Não é como se você visse futuros e esperanças. Não é como se ele esbarrasse em você (sem querer!) entre as prateleiras do supermercado, ou na fila de um filme cabeça demais para a maioria dos seres. Ele está bem ali. É fofo e atencioso. Segurou suas lágrimas e te ergueu quando você chegou ao ao fundo de si. Ele esteve ali, e se apaixonou por esse ser impossível que você é. E, não mais que de repente, você percebe a cruel verdade: por mais que ainda ame o outro, acabou se apaixonando por aquele ali. Possível, é claro. Ele ser o cara dos sonhos não ajuda, mas o que há pra se fazer? Quando você menos percebe, sequer lhe restou o sobrenome. Sem promessas, sem planos. Apenas simples assim. Simples como as coisas são.

Sh. Me faz promessas não. Fica só aí, lindinho e incerto. Não me convida a fazer planos, não fala em me dar o céu. Deixa assim como estamos. É que me engano muito fácil, viu? Soa bem estranho, mas eu quero manter esse medinho. Você também o sente? Algo como medo de perder algo grande e importnate. É confuso. Eu poderia simplesmente te prender, ou soltar de vez, mas tem esse medinho gostoso. Eu não estou no controle, você não está também. Estamos apenas jogando esse joguinho de ninguém, cada um mostrando suas cartas lentamente, conforme nos dá vontade. Me desculpe se nos coloco num tabuleiro. Vendo de fora é o que parecemos: peões do jogo que ninguém está jogando. Então deixa assim, tá? Eu não quero encher minha mente de diálogos impossíveis ou atiçar em minha imaginação momentos improváveis. Me faz promessas não. Deixa eu pensar que não te tenho. Assim é melhor.

Inútil. Completamente inútil se enganar e achar que ele voltará pedindo desculpas. Inútil pensar que as coisas irão simplesmente se ajeitar, que essa foi só mais uma discussão como tantas outras. Se essa não for, alguma há de ser a última. Alguma há de cerrar o círculo. Inútil achar que ele vai mudar de opinião tão rapidamente. A sua mudou? Ele vai continuar achando que está certo, você vai continuar achando que está certa, e um dia tudo será findo. Inútil ligar para a melhor amiga, chorar suas mágoas. Ela não vai resolver o problema. Nem sequer pode lhe abraçar e dizer que "tudo vai ficar bem". Convença-se de que tudo sempre fica bem. Inútil chorar até ficar com essa cara inchada e a cabeça prestes a explodir. Desde quando chorar adiantou alguma coisa? Inútil. Inútil que ainda se deixe iludir por esses romancezinhos de beira de conversas. Inútil deixar que partam seu coração por tão pouco. Tão inútil... Inútil reclamar, espernear e se chamar de burra. Foi um erro, mas foi só mais um erro. Revira as páginas e vê todos os outros. Um mais escabroso que o outro. Repetiu um deles, é claro. Não aprendeu a lição. Inútil lamentar, repetirá tantas vezes quantas forem necessárias. Repetirá até aprender. Junte seus cacos, a próxima vez pode estar bem próxima. Deixa de choramingar. É inútil.
Mas eu gosto dele mesmo assim.

É sempre sobre você. Tudo. Absolutamente tudo é sobre você sempre. E pouco importa quem você seja, sempre será a pessoa em destaque aqui. Seja você alto ou baixo, magro ou gordo. É sempre você. Seja responsável, bobo, adulto, sério, imaturo, intenso. É sobre você. Não importa se é amor, amizade, paixão, simpatia, ódio ou raiva, ou mágoa. É sempre sobre você. Seja Marcos, Yuri, Lucas, Helcio, Bianca, Rodrigo, Matheus, Amanda, Frederico. Sempre será sobre você. Porque para todo eu tem um você. E para cada você, infinitas palavras minhas. E para cada você, um eu ainda mais intenso e entregue. Para todo e cada você, eu. Eu e um passado carregado. Eu e um futuro esperado. Eu, com toda minha intensidade a derramar-se em palavras, ou em olhares, ou em abraços. Ou em palavras. É sempre você em todas as minhas palavras. É sempre você em todo eu.

Morrerei. Jovem e inchada. Agora sei, já não me restam dúvidas. Morrerei inchada com todas as lágrimas que guardei. Olha que coisa! Logo eu que achei que já não me restavam lágrimas depois de todo esse drama. Mas ainda há um monte delas aqui, guardadas sei lá para que. Minto. Sei. Estão aqui para me matar. Junto com toda essa minha vontade de ajudar e ser boa com as pessoas. Ninguém quer a verdade, e isso é tudo que eu tenho a oferecer. E sendo assim não tenho nada a oferecer. Juntando todas as patadas que levo e as lágrimas que guardo tenho minha sentença assinada. Morrerei. Jovem e inchada. Eu sei.

Eu escrevo tanto sobre você e sobre nós dois; sobre o modo como você sorri e a doçura do seu olhar; sobre seu jeito; sobre o jeito que você me toca; sobre nossos instantes; sobre andar de mãos dadas com você e sobre dividir um sorvete; sobre ficar horas só olhando você; sobre dormir ao seu lado; sobre cuidar de você e velar seu sono; sobre o que sinto quando me abraça e sobre nós dois no altar; sobre nossas músicas preferidas e sobre nossas crianças. Eu escrevo tanto sobre tantas coisas que nunca vi e que nunca senti. Nos pinto um conto de fadas (sem fadas) praticamente inexistente. É que eu sonho muito com nós dois, meu amor, e com o que podemos ser. Me perdoe, eu não queria fantasiar tanto. Mas é que, se não nos invento, periga de eu enlouquecer com a dor desse nós assim você-lá-e-eu-cá. É tanta distância, mas tanto amor. Eu bem tento escrever sobre outras coisas, mas eu mal começo e lá vem você pendurando-se nos meus pensamentos, brincando com minhas ideias. E eu sigo escrevendo sobre o que nunca vi, o que nunca senti. Sigo escrevendo você, porque esse é o meu jeito de nos ter. Essa é a forma que eu tenho de viver nós dois e apaziguar minha dor. Enquanto continuarmos assim, seguirei escrevendo. Seguirei escrevendo nós dois.