Encheu-se o céu de nuvens. Eu pensei que fosse chover. Nunca gostei muito do tempo chuvoso, fazia-me sentir absolutamente sozinha. Esconderam-se todas as estrelas atrás das nuvens, exceto duas. Imaginei que fossem seus olhos e perguntei-me porque choravas quando começou a chover. Ah, não chores, meu bem. Estou aqui com você, e para sempre estarei. Venha dar-me um abraço. E desceste do céu, planando levemente em direção a meus braços. Pareces tão frio, careces de um cobertor. Não vá, imploraste, não só com tua voz, mas com todo teu corpo. Eu seria incapaz de deixar-te. Não aquece-te com o calor de meus braços. Tento beijar-te a boca. Fecho meus olhos e lentamente aproximo nossos rostos. Não sinto sua respiração. Nossos lábios envolvem-se num roçar suave, arrepiando-me os pêlos. Eu apenas espero. As nuvens estão ainda mais agitadas, mas já não chove. Eu espero. Um longo tempo se passa, a lua muda de posição no céu e é um milagre que eu possa vê-la. Abro os olhos. Não vejo mais a lua, o céu. Já não vejo mais você, não está mais em meus braços. Pisco os olhos tentando acalmar-me. Tê-lo de volta. Mas não há mais ninguém além de mim mesma, sozinha, neste momento frio. Foi um sonho. Sorrio amargurada. Foi apenas um sonho.

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