Adeus você

Hoje comecei a apagar os últimos vestígios de que você esteve aqui. Já passa da hora de lhe tirar todo esse espaço. Já tem alguém tão lindo me oferecendo mais do que você me deu. Já passava das duas quando peguei meu celular e li uma última vez aqueles 307 sms. Não vai acreditar: nenhum deles me feriu! Suas palavras não estavam mais espinhosas, nem mais sedosas. Eram apenas palavras. Eram apenas você, que veio e se foi de uma forma que ainda não compreendo. Apaguei-os. Os 307 sms, todos de uma só vez. E não me doeu. Você já ficou tempo demais ocupando-me toda. Agora tenho espaço (bastante espaço!) para ele no meu celular. Agora tenho todo o espaço da minha mente para ele e guardo apenas lembranças insólitas de você. Em breve terei lhe relegado a apenas um espacinho em respeito ao amor sem fim e ao sofrimento sem fim. E quando isso acontecer, poderei enfim dar tudo que tinha guardado pra você. Ainda me resta muito amor para dar, muita vida para viver. Eu não quero mais saber de você. Hoje comecei a apagar os vestígios de sua passagem, há tanto pra viver e eu... Quem é mesmo você?

Então é assim que as coisas são. Simples. Num dia você está se perguntando que rumo dar à sua vida insólita e insignificante, morrendo por algum grande amor, e no outro, um arroubo lhe acomete o coração e lá está ele. Não é como se você visse futuros e esperanças. Não é como se ele esbarrasse em você (sem querer!) entre as prateleiras do supermercado, ou na fila de um filme cabeça demais para a maioria dos seres. Ele está bem ali. É fofo e atencioso. Segurou suas lágrimas e te ergueu quando você chegou ao ao fundo de si. Ele esteve ali, e se apaixonou por esse ser impossível que você é. E, não mais que de repente, você percebe a cruel verdade: por mais que ainda ame o outro, acabou se apaixonando por aquele ali. Possível, é claro. Ele ser o cara dos sonhos não ajuda, mas o que há pra se fazer? Quando você menos percebe, sequer lhe restou o sobrenome. Sem promessas, sem planos. Apenas simples assim. Simples como as coisas são.

Sh. Me faz promessas não. Fica só aí, lindinho e incerto. Não me convida a fazer planos, não fala em me dar o céu. Deixa assim como estamos. É que me engano muito fácil, viu? Soa bem estranho, mas eu quero manter esse medinho. Você também o sente? Algo como medo de perder algo grande e importnate. É confuso. Eu poderia simplesmente te prender, ou soltar de vez, mas tem esse medinho gostoso. Eu não estou no controle, você não está também. Estamos apenas jogando esse joguinho de ninguém, cada um mostrando suas cartas lentamente, conforme nos dá vontade. Me desculpe se nos coloco num tabuleiro. Vendo de fora é o que parecemos: peões do jogo que ninguém está jogando. Então deixa assim, tá? Eu não quero encher minha mente de diálogos impossíveis ou atiçar em minha imaginação momentos improváveis. Me faz promessas não. Deixa eu pensar que não te tenho. Assim é melhor.